Governo do Estado do Espírito Santo
12/02/2009 14h45 - Atualizado em 05/10/2016 16h53

Produção sustentável da cachaça ganha força no Estado

O alambiqueiro França Alberto Valcarti vive da produção da cachaça há 42 anos, uma profissão que vem de gerações, desde sua bisavó. Apesar de manter a tradição, muitas mudanças já aconteceram, entre elas a valorização da sustentabilidade do negócio. “Antes eu jogava a vinhaça no rio. Hoje, já sei que isso é errado e tento usar como adubo na lavoura”, afirma.

E a mudança de comportamento não é uma experiência isolada da família Valcarti, no município de Santa Teresa. Na manhã desta quinta-feira (12), mais de 60 alambiqueiros e técnicos, além de representantes de três associações de produtores de cachaça participaram de um evento promovido pelo Governo do Estado, com o objetivo de iniciar a nova frente de trabalho para o uso correto da vinhaça.

Os produtores debateram sobre as tecnologias e resultados com a destinação correta da vinhaça e, na ocasião, foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o Instituto Estadual de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e o Serviço Nacional da Micro e Pequena Empresa (Sebrae).

A diretora-presidente do Iema, Sueli Passoni Tonini, afirmou que o evento marca a evolução de um trabalho que já vem sendo discutido em conjunto há longo tempo. “Temos que valorizar esta integração, que acontece não só entre os órgãos públicos, mas que integra o cidadão. Temos caminhado muito bem e eu fico muito feliz ao ver que cada dia mais existe a consciência de que proteger os recursos naturais, água e solo. É proteger o desenvolvimento econômico, porque estes recursos são a base para a produção”.

Custo

Segundo o diretor-presidente do Incaper, Gilmar Dadalto, a tecnologia de utilização da vinhaça como adubação pode ser uma oportunidade de reduzir custos de produção. “A adubação é um item que faz a diferença no custo, então, além da preservação do meio ambiente, o produtor poderá lucrar mais”, destaca.

O diretor-presidente do Idaf, Antonio Francisco Possatti, afirma que a assinatura do termo e as discussões sobre o tema irão contribuir na elaboração de normas eficientes e simplificadas que atendam de forma satisfatória o licenciamento de alambiques. "Esta parceria irá possibilitar que o processo de licenciamento seja realizado com critérios e parâmetros que promovam a produção sustentável de cachaça."

Vinhaça

A vinhaça é o resíduo gerado no processo de destilação do caldo de cana-de-açúcar (garapa) fermentado, para a obtenção do álcool/cachaça. É um resíduo prejudicial ao meio ambiente, principalmente para o solo e para os corpos d’água, mas que pode se tornar uma aliada da agricultura. O segredo é o uso da tecnologia certa para o processo de produção e destilação, que pode fazer do resíduo um excelente adubo para lavouras comerciais e pastagens.

Para cada litro de álcool produzido, 13 litros de vinhaça são deixados como resíduo. Em função de sua riqueza em matéria orgânica, a vinhaça apresenta elevado índice de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), caracterizando-se em material poluente quando descartado em cursos d´água. Apesar disso, ela pode ser aproveitada na lavoura como fonte alternativa de fertilizantes.


De acordo com o diretor técnico do Iema, Aladim Cerqueira, a medida envolve tanto os produtores em regularização quanto os clandestinos. “Só no Iema são mais de 100 processos de licenciamento de alambiques, e o maior entrave para os empreendedores é a gestão do resíduo. Nós vamos unir forças para fazer com que as informações cheguem aos alambiqueiros da forma mais objetiva possível e com assistência técnica. Por outro lado, também será cobrada a adequação e intensificada a fiscalização dos alambiques”.

O doutor em solos e nutrição de plantas do Incaper, Aureliano Nogueira da Costa – que vem desenvolvendo tecnologias para destinação correta de resíduos diversos – estará à frente das pesquisas. “Serão elaborados estudos para identificação das áreas e a quantidade recomendada de vinhaça para cada cultura agrícola, sem que comprometa o meio ambiente”, ressalta.

Informações à Imprensa:
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