Com o objetivo de abrigar pinguins que encalharem no litoral capixaba neste ano e reabilitá-los para que possam realizar a viagem de volta ao seu habitat natural, a Patagônia, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) montou na sede do órgão, em Cariacica, um Centro de Reabilitação de Pinguins. O espaço já conta com três aves que apareceram nos últimos dias em Nova Almeida, na Serra, em Meaípe, Guarapari, e em uma praia de Aracruz e foram resgatados pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram).
O Centro de Reabilitação de Pinguins tem uma sala de aproximadamente 50 m² destinada aos animais que necessitam de internação, área externa cercada, uma piscina de 15 mil litros e salas auxiliares com freezers para estocagem de alimento, estufa, maca cirúrgica e outros equipamentos utilizados para atendimento médico.
Isabela Nucci
Aréa do Iema adaptada para receber os pinguins.
A bióloga do Gerenciamento Costeiro do Iema, Tainan Bezerra Oliveira, explica que as aves sobem a costa do Oceano Atlântico em direção ao Norte em busca de alimento, aproveitando correntes marinhas. “Por serem jovens, esses animais ainda não têm muito conhecimento de pesca e chegam cansados e debilitados. Nosso trabalho consiste em fornecer alimentação adequada, com uma dieta à base de sardinha, tratar possíveis doenças e ferimentos e, meses depois, soltar o grupo, aproveitando correntes marinhas no sentido contrário, que ajudarão a guiá-los de volta à Patagônia”, disse Tainan, que prevê a soltura dos animais para novembro deste ano.
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Eles estão recebendo tratamento médico e alimentação adequada para a recuperação.
Todos os animais que encalharem nas praias do Espírito Santo neste ano serão levados para o centro de reabilitação no Iema e acompanhados por biólogos do Instituto e do Ipram, órgão especializado na reabilitação de animais marinhos. O Ipram orienta as pessoas que encontrarem pinguins encalhados nas praias a acionarem o órgão por meio de um telefone de plantão, disponível 24 horas por dia, para que o resgate seja efetuado e os animais transportados para o centro de reabilitação.
Isabela Nucci
A piscina conta com uma rampa para a locomoção dos pinguins.
“Quem encontrar pinguins nas praias deve acionar o Ipram pelo telefone (27) 9865-6975. É importante que os animais sejam mantidos aquecidos em caixas de papelão, forradas com jornal. Como essas aves habitam regiões geladas, é comum as pessoas acharem que devem colocá-los na água, até mesmo no gelo, mas alertamos que esse procedimento pode comprometer ainda mais a saúde dos pinguins, que já se encontram debilitados”, alerta a bióloga do Ipram, Renata Bhering.
Isabela Nucci
Área externa do Centro de Reabilitação.
Pinguins-de-Magalhães Os pinguins que costumam encalhar nas praias do Espírito Santo durante o inverno são da espécie Spheniscus magellanicus. Popularmente conhecidos como pinguins-de-magalhães, eles vivem em colônias na Patagônia, na Argentina, e se alimentam de peixes como anchova e sardinha. Quando atingem a juventude, sobem a costa do Atlântico em direção ao Norte, em busca de alimento. Da Patagônia à costa capixaba, eles percorrem mais de 3,5 mil quilômetros.
Desde 2006, os pinguins têm chegado ao litoral do Espírito Santo em quantidade considerável. Dentre os fatores que estão sendo estudados por especialistas para explicar seu aparecimento na costa capixaba estão o fenômeno La Niña, que influência as correntes, e a pesca predatória, que diminui a oferta de peixes.
Em 2010, foi criada uma parceria entre o Iema, Ibama e ONGs para a reabilitação dos animais, que foram enviados para São Paulo, onde foi realizada a soltura dos mesmos em alto mar. Em 2011, por meio de uma parceria firmada entre o Iema e o Ipram, todo o trabalho foi realizado no Espírito Santo e a soltura dos pinguins ocorreu em Anchieta.
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