O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) divulgou nesta terça-feira (10) os resultados do Inventário de Fontes da Grande Vitória. Foram estudadas as taxas de 88 empreendimentos e levantados dados sobre emissão dos poluentes regulamentados pelo Conama (Resolução 03/1990), ou seja, Material Particulado Total (MPT), Material Particulado de tamanho inferior a 10 µm (PM10), Dióxido de Enxofre (SO2), Óxidos de Nitrogênio (NOx), Monóxido de Carbono (CO), e também sobre Material Particulado de tamanho inferior a 2,5 µm e de Compostos Orgânicos Voláteis.
A qualidade do ar na região está dentro dos padrões da legislação nacional e é considerada boa. Entretanto, de posse deste mapeamento, o Iema terá novos subsídios e novos desafios para atuar no controle das fontes de poluição atmosférica. Em especial, porque o estudo, desenvolvido em parceria técnica com a empresa Ecosoft, traz indicadores que surpreenderam os técnicos. De acordo com o inventário, além das indústrias de mineração e siderurgia, as vias (ruas), por conta da ressuspensão da sujeira, são grandes emissoras de poluição em relação ao Material Particulado. A porcentagem entre os principais poluidores é 68,2% vem das vias, 15,8% da Vale, 6,1% da Arcelor Mittal Tubarão e 3,7% de escapamento e pneus dos veículos.
Para o Iema, este indicador de acumulo de sujeira nas vias mostra um problema que precisa ser tratado. Por isso, o Estado iniciou a discussão com os Municípios e planeja, inclusive, a realização de um seminário conjunto para tratar desta questão de forma eficiente. Quanto aos números da Vale, os levantamentos não levaram em consideração as melhorias exigidas pelo Termos de Compromisso Ambiental (TCA) assinado entre empresa, Iema e Ministério Público Estadual, e cujo prazo para conclusão das instalações de controle de poluição termina em julho de 2011. Por outro lado, espera-se que, na próxima atualização do inventário, tanto os avanços obtidos com as novas tecnologias como as emissões da oitava usina, que atualmente não está em operação, sejam contabilizados.
Novidade também quanto à inclusão das emissões de navios, por portos, pela primeira vez em um inventário no Brasil, e na busca por resultados sobre Material Particulado menor que 2,5 µm, um dos mais perigosos para a saúde humana. Este poluente não fazia parte do inventário anterior (2005) e teve como principais fontes as vias (64,5%), a Vale (10,3%), os escapamentos e pneus de veículos (10,2%), a Arcelor Mittal Tubarão (6,0%) e navios em áreas portuárias capixabas (4,2%).
A poluição por NOx tem a Vale como responsável por 36,9%, veículos (escapamento e pneus) por 35,0%, navios por 11,2% e a Arcelor Mittal Tubarão por 10,9%. Já de SO2, na ocasião do levantamento dos dados, a emissão da Arcelor Mittal Tubarão correspondia a 55,8%; a dos navios, 15,2%; a da Vale, 14,1% e a da Sol Coqueria, 10,0%. Este último poluente, porém, é um exemplo de exigência do Iema de melhoria no controle ambiental. Estes 55,8% da Arcelor representa uma emissão de aproximadamente 2.700 µg por m3, mas em novembro de 2010 foi instalado o Sistema Klaus, que permitiu a redução desta emissão para 800 µg m3 em média, um resultado que deverá ser apontado no próximo inventário.
Nas emissões de CO, escapamentos e pneus contabilizam 49,7%; Arcelor Mittal Tubarão, 44,7%; e a Vale, 4,4%. E, no caso dos Compostos Orgânicos Voláteis, novamente os veículos aparecem como principal emissor (54,8%), seguidos de fontes residenciais e comerciais (19,9%), da Fortlev (7,2%), navios (6%), Vale (4,7%) e Arcelor Mittal Tubarão (2,0%). Sendo que, diretrizes para combater a poluição veicular estão em elaboração por meio do Plano de Combate a Poluição Veicular (PCPV), que será concluído em junho deste ano.
Além de mapear as fontes de emissão de poluentes da Grande Vitória, o Inventário dará uma nova base à divisão dos investimentos, para manter a Rede Automática de Monitoramento (RamQAR), entre Iema e empresas poluidoras. A Rede é um complexo tecnológico com oito estações automáticas de monitoramento, que há 10 anos fiscaliza a condição do ar na Grande Vitória e nunca registrou ultrapassagem dos padrões estabelecidos pela legislação nacional (Conama - resolução 03/1990).
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