Governo do Estado do Espírito Santo
30/07/2020 15h31 - Atualizado em 30/07/2020 16h43

Diálogos sobre Educação Ambiental: Unidades de Conservação traduzidas em conhecimento didático para comunidades escolares

A Educação Ambiental é referenciada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação como uma importante ferramenta para a criação, manutenção e valorização desses locais. Na última matéria sobre a série especial “Diálogos sobre Educação Ambiental”, o Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Gerência de Educação Ambiental do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), irá abordar a gestão pública da biodiversidade a partir da Educação Ambiental nas escolas da área de influência das Unidades de Conservação (UC), parceria estratégica na promoção da conservação da sociobiodiversidade.

Para falar sobre o assunto, a bibliotecária e educadora ambiental do Iema, Rosilene Vieira da Silva; a educadora ambiental do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha (PEPCV), Juliana Dias Salgueiro; e o biólogo e educador ambiental, autor do livro “Preservando o Nosso Quintal”, Lauro da Cunha Narciso.

Em sua trajetória, o Governo do Estado do Espírito Santo defende o uso de ferramentas metodológicas participativas para a eficácia da ação educativa. A intenção é o fortalecimento das equipes gestoras das Unidades de Conservação em sua tarefa de implantar a gestão participativa nas unidades.

O Governo enfatiza, sobretudo, as ações voltadas para a conquista de aliados no território das UCs para a conservação da sociobiodiversidade, identificando a Educação Ambiental e a Comunicação como eficazes instrumentos no envolvimento e articulação de grupos sociais, como as redes de educação formal e não formal existentes no entorno das UCs.

Sendo assim, se antes os trabalhos de Educação Ambiental desenvolvidos nas UCs administradas pelo Iema pautavam-se, principalmente, em palestras sobre temas gerais, tais como: situação da água no Planeta, aquecimento global, entre outros, atualmente, as UCs recebem as comunidades do entorno para dar conta da diversidade de contextos e dos desafios regionais em que está inserida a gestão pública da biodiversidade.

“O conhecimento do território faz parte do processo do sentimento de pertencimento e do processo de proteção. Inclusive, o investimento em conservação nas últimas três décadas vem pautado na participação das comunidades, trazendo benefícios não apenas econômicos e sociais, mas contribuindo para a formação dos cidadãos”, ressalta a bibliotecária e educadora ambiental do Iema, Rosilene Vieira da Silva.

Comunidade do entorno

Percebendo a ausência de informações e de suportes com linguagem que pudessem alcançar as comunidades do entorno das UCs, administradas pelo Iema, nasceu a ideia de se criar um livro sobre as Unidades de Conservação do Estado do Espírito Santo, cujo tema é “Preservando o Nosso Quintal”.

“A ideia foi criar um livro que pudesse traduzir as pesquisas realizadas nas UCs em uma obra didática, a partir de um diagnóstico inicial. Assim, foram levantadas as principais carências de informações de educadores do entorno das UCs. Posteriormente, com a obra já impressa, foram realizados dois encontros com educadores da região que elaboraram projetos baseados na obra, já inserida em seus planejamentos. Importante ressaltar que a arte gráfica, impresso e digital, teve um direcionamento para valorização da obra e tal decisão foi um diferencial como instrumento de incentivo ao sentimento de pertencimento, que faz a diferença na preservação do território”, afirma a bibliotecária.

Atualmente, a ideia do “Preservando o Nosso Quintal é de um Programa de Educação Ambiental, mantendo o livro digital e impresso, propiciando a moradores da região, principalmente crianças e jovens, o conhecimento sobre as UCs, com visita guiada. Além disso, há abertura para que a comunidade sugira melhorias para a gestão das UCs.

“A seleção do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha como piloto do ‘Preservando o Nosso Quintal’ foi estratégica, pois encontramos uma situação diferenciada, principalmente no que diz respeito à definição do próprio território. Lá são duas unidades de conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba, que é uma UC de uso sustentável, onde é permitida a ocupação humana com uso direto dos recursos naturais, e o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha que é uma área de proteção integral, sendo permitido o uso indireto dos recursos naturais, ou seja, através de atividades de educação ambiental, pesquisa científica e turismo em contato com o ambiente natural. Nesse contexto, para a população que mora no entorno do Parque e que vive na APA, essa questão jurídica e seus aspectos ambientais não são claros, o que dificulta a relação e, consequentemente, a proteção efetiva das UCs”, contextualiza Rosilene Vieira da Silva.

Importante ferramenta

Para o autor Lauro da Cunha Narciso, ter uma publicação específica para cada UC é uma importante ferramenta para as atividades de Educação Ambiental. Entretanto, em sua opinião, é fundamental que tenha um trabalho especial para aplicação do livro.

“No caso da primeira edição do ‘Preservando o Nosso Quintal – Paulo Cesar Vinha’, foi realizado um seminário com professores, gestores escolares e funcionários do Parque. A partir disso, cada ator desenvolveu seu projeto em sua escola. Vale lembrar que o trabalho dos funcionários do parque, agregado a outros projetos como a biblioteca itinerante, foi essencial para alcançar bons resultados”, destaca Lauro da Cunha Narciso.

Ele informa que a segunda edição do ‘Preservando o Nosso Quintal – Paulo Cesar Vinha’ vem com novo propósito, ampliando o público-alvo e transformando-o no Programa de Educação Ambiental do Parque. “Dessa forma, espera-se alcançar melhores resultados, integrando as diversas ações de maneira ordenada, com escolas, visitantes, poder público e sociedade civil organizadas, como se almeja na Educação Ambiental em uma Unidade de Conservação”, complementa.

A proposta do livro é um projeto do Centro de Informação e Documentação (CIDOC), do Iema. “Fui contratado para executar. Após a contratação, a construção do material foi realizada de forma colaborativa, com servidores do Parque e através da aplicação de questionários com as escolas do Entorno. As Unidades de Conservação são dinâmicas e as publicações sobre elas não são diferentes. Percebe-se novas temáticas na segunda edição, adicionadas a partir da necessidade de tais informações obtidas através da experiência na aplicação”, informa Lauro da Cunha Narciso.

Em sua opinião, um grande avanço foi a transformação do livro em uma série, sendo que já existe a publicação do Parque Estadual Pedra Azul (PEPAZ). “A experiência na execução do Programa de Educação Ambiental do PEPCV vai dar uma boa base para início dos trabalhos no PEPAZ. Os desdobramentos disso para as Unidades de Conservação do Estado podem ser almejados, transformando o ‘Preservando o Nosso Quintal’ no Programa de Educação Ambiental das Unidades de Conservação do Estado, conectados e dialogando entre si”, aponta o autor.

gestão pública

Com as estratégias didáticas do “Preservando o Nosso Quintal”, que poderão dar conta da realidade das UCs e do cotidiano da população do entorno, a gestão pública da biodiversidade segue adiante com Educação Ambiental, transformando as escolas da área de influência das UCs em parceiras estratégicas na promoção da conservação da sociobiodiversidade.

“A publicação traz conhecimento sobre a Unidade de Conservação em uma linguagem acessível. Uma vez conhecendo sua dinâmica e importância, a comunidade entende o seu papel na preservação desse bem, que é de todos. Resumindo em duas palavras: conhecimento e pertencimento. Os professores foram capacitados para trabalhar com o material junto aos alunos, e todos se tornaram multiplicadores do conhecimento ambiental em suas comunidades”, explica a educadora ambiental do PEPCV, Juliana Salgueiro.

De acordo com Juliana Salgueiro, depois que os trabalhos iniciaram, as escolas passaram a adotar o Parque como tema interdisciplinar, produzindo mostras literárias e científicas. “O número de visitas anuais dessas escolas aumentou e a comunidade passou a enxergar o Parque como parceiro. Além disso, muitas pessoas se sentiram mais confiantes em denunciar crimes ambientais que acontecem na região”, comenta.

Em sua análise sobre a importância da Educação Ambiental nas UCs, Juliana Salgueiro aponta que muitas Unidades de Conservação são carentes de materiais de educação ambiental de qualidade e voltados para a realidade local. “Esse projeto veio preencher essa falha e, além do material de ótima qualidade e conteúdo, houve capacitação de professores e de outros profissionais escolares para potencializar as informações contidas no livro. Assim, professores e alunos se tornam multiplicadores do conhecimento na área ambiental e passam a ver a UC como seu quintal, um lugar para amar e proteger”.

Lançamentos

A segunda edição do “Preservando o Nosso Quintal: Paulo Cesar Vinha” está em processo de revisão e será lançada na versão impressa e digital. A primeira edição do “Preservando o Nosso Quintal: Paulo Cesar Vinha” está à disposição no site do IEMA. Clique aqui.

Está em processo de produção a primeira edição do “Preservando o Nosso Quintal – Parque Estadual da Pedra Azul”. O Iema está em processo de contratação da gráfica para impressão dos livros.

*Serão 2.000 exemplares de cada livro para distribuição a educadores e alunos de espaços formativos da região do entono de cada UC.

Informação à Imprensa:
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