O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) lançou, neste mês de junho, o relatório “Avaliação dos Efeitos das Medidas de Afastamento Social sobre a Qualidade do Ar na Região Grande Vitória”. O objetivo foi constatar se as medidas de isolamento social, necessárias para conter a disseminação do novo Coronavírus (Covid-19), afetaram positivamente a qualidade do ar da Grande Vitória.
Foram avaliadas as concentrações horárias de partículas inaláveis (MP10), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de nitrogênio (NO) e monóxido de carbono (CO) registradas no período de 24/03/2020 a 30/04/2020, em comparação com o período de 24/03/2019 a 30/04/2019. O estudo foi realizado na estação de monitoramento da Enseada do Suá, em Vitória, com dados meteorológicos registrados na estação de Carapina, município da Serra.
A estação Enseada do Suá localiza-se em ponto central da Região da Grande Vitória, sendo diretamente impactada por fontes de emissão veiculares e industriais oriundas, principalmente, do Complexo de Tubarão.
Confiança de 95%
O relatório aponta que as amostras dos dados foram representadas na forma de estatísticas descritivas e gráficas para avaliação do comportamento das variáveis. Além disso, visando a comparação entre os cenários em estudo, as amostras foram testadas utilizando o teste estatístico de hipóteses de Kruskal-Wallis ao nível de confiança de 95%.
De acordo com os dados do relatório, houve redução aproximada de 65% de monóxido de nitrogênio (NO), de 34% de monóxido de carbono (CO), de 24% de dióxido de nitrogênio (NO2), além de queda de 23% das partículas inaláveis MP10. O índice de ozônio (O3) não indicou diferenças significativas entre os cenários avaliados e houve aumento aproximado de 31% de dióxido de enxofre (SO2). Sobre o índice de SO2 é importante levar em consideração que os valores medidos são muito baixos, dentro da incerteza do analisador, não sendo possível afirmar, sob o aspecto operacional, diferenças na concentração deste poluente.
Segundo o relatório, ao contrário de outros poluentes primários gasosos, para o dióxido de enxofre verificou-se um aumento da concentração atmosférica na comparação entre os cenários. Para a região da Grande Vitória, as fontes industriais são a principal fonte de emissão de dióxido de enxofre na atmosfera. As fontes localizadas no Complexo de Tubarão são responsáveis por 88% das emissões de SO2 de origem industrial.
Medidas
Para enfrentamento da pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo Coronavírus, o Governo do Estado do Espírito Santo vem adotando diversas medidas para conter a transmissão do vírus. Entre elas estão a suspensão das aulas nos estabelecimentos de ensino, a suspensão de eventos que envolvam aglomeração de pessoas, a suspensão do funcionamento de academias e centros comerciais e a suspensão do funcionamento de estabelecimentos comerciais. Todas essas medidas tiveram seu início entre os dias 17 e 20 de março de 2020, impactando na circulação de pessoas e veículos em todo Estado do Espírito Santo.
A diminuição da circulação de pessoas, veículos e, em alguns casos, da produção industrial, impactam diretamente na quantidade de poluentes que são lançados na atmosfera, segundo constatou o relatório da qualidade do ar do Iema. Os resultados apresentados indicam que a redução das atividades sociais e econômicas em decorrência das medidas de redução da interação social impactaram na qualidade do ar da Região da Grande Vitória. Tal impacto, no entanto, não acontece de forma linear e proporcional.
Impactos
O monitoramento da qualidade do ar da Grande Vitória é realizado pela Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar (RMQAr-RGV), de propriedade e gestão do Iema. A RMQAr-RGV é formada por nove estações automáticas e 10 pontos de coleta manual, sendo construída com o objetivo de acompanhar os impactos das atividades antrópicas sobre a qualidade do ar na Grande Vitória.
É importante observar que a dinâmica dos poluentes na atmosfera não é uma equação de fácil solução, sendo objeto de estudos de complexos modelos matemáticos com a capacidade de ligar as causas aos efeitos, ou seja, as concentrações ambientais dos poluentes. Sendo assim, as características existentes na região da Grande Vitória são únicas, não sendo recomendável a comparação direta com outras localidades.
Saiba mais:
Monóxido de Nitrogênio (NO): Houve redução aproximada de 65%. O comportamento do monóxido de nitrogênio segue a mesma tendência do dióxido de nitrogênio, no entanto, a diferença entre cenários avaliados é mais evidente. Importante destacar que as concentrações de NO2 e NO registradas na estação da Enseada do Suá também são influenciadas por fontes industriais, especialmente das situadas no Complexo de Tubarão, cerca de 73% das emissões.
Monóxido de Carbono (CO): Houve redução aproximada de 34%. As medidas de afastamento social implicaram na redução das concentrações atmosféricas do poluente avaliado. A redução no tráfego de veículos, queda de 50%, pode ter impactado nas concentrações avaliadas, uma vez que, os veículos automotores são fontes significativas de emissão deste poluente. Importante destacar que as concentrações de CO registradas na estação da Enseada do Suá também são influenciadas por fontes industriais, especialmente as situadas no Complexo de Tubarão, cerca de 96% das emissões.
Dióxido de Nitrogênio (NO2): houve uma redução aproximada de 24%. O tráfego veicular é uma das principais fontes de emissão de óxidos de nitrogênio. Tal redução pode ter sido ocasionada pela queda no tráfego de veículos, especialmente na Terceira Ponte e em horários de pico, uma vez que impacta diretamente nas medições desse poluente na estação da Enseada do Suá.
Partículas Inaláveis (MP10): Houve redução aproximada de 23%. A queda pode estar associada à redução do fluxo de veículos. As concentrações de MP10 registradas na estação da Enseada do Suá também são influenciadas por fontes industriais, especialmente as situadas no Complexo de tubarão, cerca de 68% das emissões. Um resultado importante verificado foi uma menor variabilidade dos dados para o cenário de isolamento, demonstrando que a diminuição na circulação de veículos resultou em menos eventos de concentração de pico associados a horários onde o trânsito é mais intenso.
Ozônio (O3): Sob aspecto operacional da medição, não foi possível verificar diferenças nas concentrações desse poluente para os cenários avaliados. As concentrações de ozônio monitoradas na estação da Enseada do Suá podem estar associadas à transformação fotoquímica de poluentes percussores emitidos por fontes localizadas a centenas, ou até mesmo milhares de quilômetros da região da Grande Vitória, conferindo ao poluente uma característica de escala de longo alcance.
Dióxido de Enxofre (SO2): Houve aumento aproximado de 31%. Ao contrário dos outros poluentes primários gasosos, para o dióxido de enxofre, verificou-se um aumento da concentração atmosférica na comparação entre os cenários. Porém, deve ser levando em consideração que os valores medidos são bem baixos, dentro da incerteza do analisador, não sendo possível afirmar, sob aspecto operacional, diferenças na concentração deste poluente. Para Região da Grande Vitória, as fontes industriais são a principal fonte de emissão de dióxido de enxofre na atmosfera. As fontes localizadas no complexo de tubarão são responsáveis por 88% das emissões de SO2 de origem industrial.
Confira na íntegra o relatório “Avaliação dos Efeitos das Medidas de Afastamento Social sobre a Qualidade do Ar na Região Grande Vitória":
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